Pré-inspeçãoAntes de colocar o veículo na rampa alinhadora, o reparador deverá utilizar o
elevador como um aliado, para a devida inspeção da suspensão, direção,
pneus e rodas.
A suspensão e direção deverão receber atenção redobrada quanto a
componentes danificados ou empenados (terminais, braço articulado, pivôs,
molas, amortecedores etc.), que poderão comprometer a precisão de ajuste
dos valores impostos pelo manual do veículo.
Os pneus deverão ser calibrados com intuito de favorecer altura idêntica nos
quatro pontos de sustentação e, consequentemente, maior precisão na
aferição. Além da calibragem, o TWI deverá ser verificado. A sigla significa Tire
Wear Index, ou índice de desgaste do pneu. Para facilitar a localização dos
indicadores (lombada entre os sulcos do pneu), existe uma seta em sua lateral.
Geralmente existem quatro pontos de conferência da altura mínima. Mesmo
com o auxílio do TWI, o reparador poderá conferir com a parte de trás do
paquímetro se o sulco possui altura mínima de 1,6mm, exigida pela legislação
de trânsito brasileira. Dica: A medição da profundidade deverá ser efetuada em
três pontos, sempre aonde há menor concentração de borracha (maior
desgaste).
Caso os pneus estejam em mau estado de conservação, o alinhamento e,
principalmente, o balanceamento estarão prejudicados. As rodas também deverão ser verificadas quanto a trincas, empenamentos,
amassados, ferrugem, falta de parafusos, porcas ou prisioneiros, estado da
válvula de enchimento (poderá estar ressecada e prestes a rasgar), entre
outros detalhes
É valido também um bate papo com o proprietário do veículo para saber todo o
histórico do veículo, como por exemplo, se ele recebeu adaptações, sofreu
colisão, reparos de alinhamento técnico, entre outros que poderão afetar
diretamente o alinhamento
Tipos de tecnologias para alinhamento
Hoje o reparador poderá optar por três tipos de tecnologia para a perfeita
conferência dos valores da geometria da suspensão. São eles: ótico, laser e
computadorizado.
Vamos saber agora as principais vantagens e desvantagens de cada um.
- Ótico: Utiliza a luz e sombra como fator de orientação. Possui escala de
medição do quadro mais precisa em comparação ao modelo a laser. O que
dificulta o manuseio é o peso elevado do dispositivo de medição (cabeça) e
baixa visibilidade em locais com alta luminosidade ambiente.
- Laser: Como o próprio nome sugere, o facho de luz emitido por um laser
(localizado na “cabeça”) vai de encontro ao painel e escala de medição. A
fixação poderá ser feita diretamente na roda ou também no pneu. Na roda a
precisão será maior, pois se houver alguma anomalia, como empenamento, a
“cabeça” reconhecerá com maior facilidade em comparação à fixação direta no
pneu. Caso a fixação seja no pneu, o reparador ganha em agilidade, devido à
maior facilidade de encaixe.
Hoje estão disponíveis equipamentos para alinhamento como o Alinhador Tek
Laser, que não utiliza painel, com leitura analógica, dotado de bases móveis
que permitem que o alinhamento nas 04 rodas seja efetuado em qualquer
elevador automotivo (desde que o piso esteja nivelado) que esteja livre na
oficina.
Também está disponível o alinhamento à laser digital, o Tec Dig, que não
utiliza painel e totalmente digital,extremamente rápido e eficiente, com bases
móveis para alinhamento das 04 rodas do veículo em elevadores automotivos.
Ganha-se tempo e espaço na oficina, com maior eficiência, com excelente
custo-benefício em relação à outros equipamentos de alinhamento
- Computadorizado: Algumas pessoas se confundem ao achar que o sistema
de alinhamento computadorizado faz tudo sozinho. Isso não é verdade, é um
mito. A diferença é que os dispositivos de medição (cabeça) possuem sensores
internos que conversam entre si e abastecem um computador sobre as
condições da geometria da suspensão do veículo em questão. Mesmo com o
sistema computadorizado, a intervenção do reparador é fundamental.
Este sistema é o mais propenso a interferências, uma vez que os dispositivos
de medição informam ao computador valores que, a olho nu, o reparador não
poderá conferir
Dica operacional Em muitas oficinas, auto centers e concessionárias de veículos é comum existir
um profissional especializado em alinhamento e balanceamento. Ele faz a
mesma tarefa o dia todo e sabe como ninguém os macetes de cada veículo.
Porém devido à correria do dia-a-dia e dificuldade de locomoção abaixo do
veículo na rampa alinhadora, fica difícil para ele inspecionar os itens da
suspensão conforme citado no parágrafo “pré-inspeção”. Portanto, cabe ao
reparador, no momento em que o veículo estiver no elevador (de garras),
avaliar os itens vitais ao perfeito posterior alinhamento, ou seja, entregar o
veículo na rampa de alinhamento pronto para o alinhador.
Ordem de verificação
Logo após o veículo ser colocado na rampa alinhadora, o reparador costuma
verificar a geometria da suspensão através da seguinte ordem: camber, cáster
e convergência. Posteriormente, caso os três pontos devam receber ajustes, o
reparador deverá proceder na seguinte ordem: cáster, camber e convergência.
Se esta ordem for ignorada, o reparador estará sujeito a retrabalho, pois se o
camber for ajustado antes do cáster, por exemplo, o já citado camber será
“perdido”, ou seja ficará fora de especificação
Curiosidade
As montadoras costumam omitir os valores de KPI (inclinação do pino mestre
em relação à lateral do veículo) e convergência em curvas (ângulo superior de
esterçamento da roda do lado interno de uma curva em comparação a roda do
lado externo, ou seja, a roda de dentro sempre esterça mais que a de fora),
devido ao seguinte fator: somando os ajustes corretos do camber, cáster e
convergência, automaticamente o KPI e a convergência em curvas estarão
corretos.
Dica: O ajuste de camber e cáster através de repuxadeira ou macaco
hidráulico é absolutamente condenado pelas montadoras devido à
possibilidade de fadiga dos materiais forçados, tais como rolamentos de roda (o
mais sensível dos componentes), manga de eixo, amortecedor, bandejas, etc.
O procedimento mais seguro é a verificação dos itens como um todo, para
saber qual deles permitiu o deslocamento do conjunto e, após identificar,
substituir.
Caso o proprietário do veículo recuse a troca dos componentes, crie um
documento excluindo a oficina da responsabilidade e peça para assinar.
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